Perspectiva preta sobre ascensão e merecimento

Algo inquietou meu peito repentinamente em minha rotina como jovem escritor. Ao lado aqui o café esfriou na xícara, e a na caneta faltou tinta.

Este texto de escrevivência é fruto de palpitação e inquietação no meu peito.

Sei que devo escrever sobre esse tema e estragá-lo aqui.

Um sentimento sem nome aparente começa a tomar a conta de mim.Algo sobre me vem a mente como uma síndrome do impostor, autoboicote e falta de merecimento para chegar no alcance dos meus sonhos. Sonhos que esses que foram adormecidos.

Mente e corpo estão confusos e dizem que algo ou alguém lá atrás tiraram de mim a capacidade de acreditar em que pudesse chegar até aqui e que não teria nunca capacidades extraordinárias para mostrar meus talentos.

Respiro fundo, ainda falta fôlego. Algo me disse que seria melhor eu ter uma vida comum e abandonar o que me preenche os olhos. Algo está me estava travando a acreditar mais.

Será que abri uma caixa traumática enraizada em minha memória? Será que o elo familiar me distanciou do que eu queria? Será o cliclo social? Será a religião? O que será ou seria?

Não acredito hoje aparentemente tão tardiamente, somente agora que eu tenha enxergado o meu talento e propósito.

Não é sobre remoer a bagagem e a forma como o tempo se organizou para as coisas acontecerem, mas é sobre enxergar as injustiças da falta de incentivo e da importância do merecimento.

Sou capaz, eu posso. O racismo estrutural me mal educou a imaginar que nunca seria possível, Isso dói muito. Quantas vezes fui subestimado, confrontado sobre minha capacidade intelectual em rodas de conversa e ciclos sociais no geral?

"-Para um homem preto até que você é inteligente, hein? - Nossa como você aprendeu tudo isso? Homem preto de alma branca, hein?! Quem escreveu isso para você? Isso é plágio?"

Me machucaram tão profundamente que hoje eu preciso me curar. Maldita estrutura. Este texto não é sobre um final motivacional, é sobre manifestação e expressão pessoal.

Parece tão vividamente que estou em um corpo de um ancentral buscando incansavelmente por liberdade.

Este texto é fruto de escrevivência intelectual negra.

Autor: Lourenzo o Jornalista cronista.